quinta-feira, 3 de junho de 2010

Por Sabrina Fantoni

Morar fora logo que se ingressa na faculdade, como se espera, é uma importante experiência que faz qualquer pessoa amadurecer mais rápido em todos os sentidos. Vitor tem 18 anos; acaba de concluir o ensino médio e entrar na Unesp, no curso de Administração Pública. Medo, liberdade, insegurança, ansiedade; essas características passam a ter um significado mais amplo e intenso nessa nova rotina, que ao mesmo tempo que promete um mundo de sensações inéditas e atraentes, é quando se conhece também um vazio quase permanente e a perda de referências. A relação com pais, amigos, sentimentos, tudo se renova, tornam-se cambiante.
Algumas coisas são dissolvidas, outras reforçadas.
Na entrevista a seguir, Vitor conta sua experiência nesse primeiro semestre, estando há mais de 200 km de casa em Valinhos, na cidade de Araraquara onde estuda hoje.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Things go better with coke?!

Por Sabrina Fantoni

Ela não é gente, mas faz gente como a gente se sentir pertencente à uma sociedade de consumo e a um determinado grupo.
Para mostrar essa ideia, nada melhor que um comercial da própria marca explicando o que seu valor simbólico faz com o imaginário de um indivíduo como integrante social -e economicamente ativo de certa forma.


Não precisaria ser a Coca Cola, a maior e mais lembrada marca do mundo. Poderia ser outra marca, acontece que em todos esses anos essa marca foi seriamente trabalhada e inoculada no imaginário e no cotidiano da sociedade. Muitas outras marcas fazem o mesmo e têm tanto poder quanto a coca cola, entretanto ela continua sendo a Marca mais presente e inegavelmente acolhedora do planeta.
O termo acolhedora ficaria melhor entre aspas, pois no universo das imagens, nós vivemos buscando um lugar acolhedor em nossa memória, tendo em vista que somos bombardeados por imagens e informações, os lugares de memórias são concretos. A sinestesia presente nas marcas faz com que nós sintamos seu sabor, seu cheiro e todas outras sensações sem estar consumindo-as no momento exato. As marcas passam a ter vida própria e um valor simbólico profundo, de tal modo que a desejamos pelo valor imbuído, e não somente pelo produto.
Podemos afirmar que as imagens não são uma realidade a parte; elas são de fato a nossa realidade. Nós consumimos o produto, a imagem e sua mensagem passivamente e esperamos em troca o que esse simulacro nos promete; embora façam parte do nosso cotidiano, os produtos e mercadorias são falsos substitutos dos nossos objetos de desejos. O fetichismo exerce tamanho poder nessa sociedade sedenta por consumo; a Coca Cola, mesmo sendo acessível a todas as culturas, idades, classes sociais e crenças, ainda é a Coca Cola.
A publicidade e marketing por trás da marca, o sonho e a falsa realidade que é vendida por essas empresas, faz com que o indivíduo necessite daquele produto por algum motivo. Marx analisaria o suposto status que as marcas vendem ao consumidor,o qual crê ser aquilo que pode comprar; seja um carro de valor exorbitante, uma mansão e, sobretudo produtos que atrasam a velhice.
Freud estuda o efeito dessas estratégias e observa o fetiche, -que sempre terá a sedução como característica principal-, inculcado pelos mídia; toda essa publicidade transfigura o desejo em necessidade. É necessário ser mais másculo, imponente, altivo e poderoso, portanto, o que se deve ter é uma BMW, ter dentes brancos e sorriso perfeito, e estar, obviamente, decentemente vestido pelas marcas. O vazio faz-se intrinsecamente presente nessa sociedade consumista, pois, para “ser” é preciso ter. E esse ser na verdade, desde o início, é ter. o fetichismo desse sistema promove o superficial, o descartável; tudo é para ser de fato necessário, no entanto, é preciso que seja rapidamente substituído por outro.
O nome da marca é fixo, porém as informações e imagens que fazem dela ser lembrada são transitórias e obsoletas. Cada produtor tem seu público alvo, no caso da coca cola, a sociedade como um todo é o destinatário, por isso suas propagandas são tão abrangente e democrática; ela lembra todos os cidadãos capazes de consumir e foca em suas peculiaridades, suas raízes, hábitos, cultura e problemas específicos de cada idade e fase. Desse modo, a especialização no marketing e publicidade nos revela a necessidade de auto-afirmação do consumismo constantemente, tendo em vista que, devido a descartabilidade dessa cultura, a publicidade é um lugar de memória, sempre se renovando.

Para entender melhor, o documentário Mundo Cola explica o mito por trás da marca.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O QUE TE FAZ BEM?

Por Caroline Albanesi


"Gaivota" é gente como a gente, tem as suas preferências.

Pode parecer besteira, mas você já parou para pensar sobre O QUE TE FAZ BEM? Espantosamente a resposta afirma um pouco sobre nós. Há quem se sente bem matando, prejudicando o outro, existem aqueles que assim se sentem ao ajudar....
O "Gaivota", assim conhecido entre seus comparsas, diz que não há sensação melhor do que ganhar um jogo de pôquer. O administrador de um empreendimento no centro de São Paulo afirma não ser viciado no jogo, mas contraditoriamente, joga todos os dias: " chego e casa e já ligo o computador...tem dias que perco, outros que ganho, mas estes são mais raros!", brinca.
Quando pergunto sobre o que de mais importante existe em sua vida, ele responde: "minha família", e em seguida aproveito:"quanto tempo passa ao lado deles por semana?", ele retruca: " acho que umas 10, 11 horas...".
Parece que o pôquer está em vantagem... ganhou o campeonato: são mais de vinte horas semanais dedicadas ao jogo. Mas, afinal, o que mais importa mesmo, Gaivota? Não se esqueça dos resultados.

Soninha: a filha do mundo

Por Caroline Albanesi


Sônia Camargo*. Assim não quer chamar aquela que durante toda a sua existência atuou nos bastidores dos mundos alheios. Ela tem 32 anos, mas parece uma menina pelo jeito, aparência e, posso dizer, ingenuidade. Com estatura baixa, cabelos claros, pintados de ruivo "caju", sardas e pouco acima do peso, é assim que se apresenta, como a famosa e querida "Soninha".
Quem a vê não enxerga que por trás da aparência de menina, existe uma mulher que já guerreou contra os golpes da vida. Filha de uma chamada " profissional do sexo", que a concebeu aos 16 anos e que carregava não apenas um bebê no ventre, mas um passado de vícios e angústias, Soninha foi entregue pela sua avó materna à Tia Silvia*, que mesmo com a rigidez de senhora religiosa e tradicional, soube a amar como os vínculos sanguíneos determinam.
Apanhou, chorou, mas revolta com ela não teve vez. A disciplina impedia.
Conheceu Simone*, amiga dos parentes de São Paulo, quem a recebeu em sua casa e a fez sair de Ribeirão Preto, quando já formada no colégio. Com ela aprendeu a lição mais valiosa: a de fazer o bem.
Simone a levou ao sertão do nordeste para um trabalho social, onde pôde enxergar um novo mundo, com conflitos até então inimagináveis à menina. Gostou tanto do trabalho, que lá mesmo, no semiárido, ficou, atuando na ONG como uma verdadeira Amiga do Bem. Brinca com as crianças, cuida dos idosos e jovens, dos carentes de pão e de afeto, o que sempre teve de monte.
Hoje quem diria...família aqui e acolá. A menina a princípio "deixada" pela mãe é a filha do mundo, daqueles que ela conquistou pelo amor, laço que não se forma pelo corpo, mas pela alma.
Relembra dos tempos em que achava que nunca seria feliz: "me sentia estranha em todo lugar, parecia que pra mim não havia chão". Engano dela, aliás, "vai trabalhar, menina, que agora você é das terras do sertão".


* (os nomes foram substituídos para preservar as personagens)

A nossa motivação

`Por Manuela Carvalho

Motivação! Motive-se.. Atualmente é muito bom se sentir motivada e ter algum objetivo..
Mariana é persistente. Desde que eu a conheço ela queria ter um namorado! Hoje ela tem quase 21 anos, e hoje está fazendo 2 anos de namoro (EBAAAA!).
Todos os dias que a gente conversava, ela falava sobre como seria bom se ela se relacionasse com alguém, e desse certo! Depois de muita reza, simpatias e MOTIVAÇÃO ela encontrou o que queria. Preciso dizer o quanto considero importante essa motivação, pois as coisas não "caem do céu", é preciso subir até lá em cima para busca-las.

E para manter um relacionamento nos dias atuais está díficil! E namorar durante dois anos é bastante tempo!" Não podemos deixar o namoro esfriar!" Mariana conseguiu.. " Vejo meu namorado como único, sei que já estamos BEM CASADOS!" diz alegremente.

Sei que todos nós precisamos dessa motivação

terça-feira, 18 de maio de 2010

A Alma Imoral

Por Vanessa Yazbek

A "Alma Imoral" é um livro escrito por Nilton Bonder e recentemente adaptado para o teatro, pela atriz Clarice Niskier. No livro, os conceitos de "corpo" e "alma" são traçados por uma nova perspectiva do autor, que desmonta os conceitos mais conhecidos desses dois termos, e inverte suas essências. A alma se torna a metade imoral do ser humano, enquanto o corpo é a parte moral, que está subjugada pela sociedade.
A peça está novamente em cartaz, no Teatro Augusta, às sextas, sábados e domingos, e vale a pena ser vista. Apresenta ao espectador uma nova forma de enxergar os outros, e a si mesmo, muito mais humana, verdadeira e crua.

Assista ao making off da peça aqui:


“A evolução da espécie está no silêncio do pai que ergue a faca para matar um filho por ordem divina e a detém. Um silêncio que cada homem e cada mulher conhece em sua vida pessoal e coletiva. Um silêncio desafiador, que responde a um impulso interno de sagrada desobediência, uma desobediência que o homem sonha em integrar à paz, à paz que não se fará no estabelecimento de um mundo ideal para um corpo imutável, não se fará através do clone, mas através do mutante, porque o nosso ser é um ser em transformação, tem alma e não é uma alma boazinha como nos fizeram acreditar, mas uma alma profundamente imoral e isso não tem nada de satânico. É que transformaram Satã num espantalho que nos afasta das mudanças. Satã é tudo aquilo que nos embota os sentidos e que nos embota a consciência – é que é mais fácil e conveniente apresentar Satã como um possível resultado do risco do que o apresentar também como o pesadelo da acomodação. Se os que mudam radicalmente de emprego, se os que refazem relações amorosas, se os que perdem medos, se os que rompem, se os que traem, se os que abandonam os vícios experimentam a solidão é possível que essa solidão seja quebrada no encontro com outros que conheçam essas experiências. Haverá pior solidão do que a ausência de si?” (Nilton Bonder - excerto do livro 'A Alma Imoral')

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Crianças Invisíveis

João e Bilu; eles têm um pouco da cara dessa cidade, desse Brasil.

Por Sabrina Fantoni

Crianças invisíveis é um filme do aclamado cineasta Spike Lee e mais 7 diretores, dentre eles a diretora e produtora Kátia Lund -cujo principal trabalho foi em Cidade de Deus, filme de Fernando Meirelles.

Considero-me suspeita pra falar sobre esse filme que me foi apresentado em 2006, numa aula de sociologia quando eu estava no segundo colegial. Dentre várias histórias, de alguns países como Estados Unidos e Itália, a do Brasil, do João e Bilu, é sensacional; é de uma verdade e sensibilidade irrefutável, além da fotografia magnífica e de todo conteúdo social ideológico por trás mostrado de uma maneira cativante e acolhedora. Ora alegre, ora desconfortável. O intuito é realmente incomodar, fazer pensar e analisar a discrepância cultural e econômica presente nessa cidade, na qual, analogamente, foram criadas fronteiras imaginárias e impostas, sobretudo como na África colonizada, entretanto aqui elas ergueram-se verticalmente, não só cultural e socialmente como fisicamente. A principal imagem de "João e Bilu" é a fotografia dos edifícios luxuosos localizados na Marginal Pinheiros cujos tem como paisagens favelas que estão a alguns metros de distância.
A simplicidade e bondade marcada na personalidade dos protagonistas contagiam até mesmo a pessoa mais cética e alheia. Dois meninos espertos, determinados, lutadores e sempre com um sorriso no rosto, com uma carta na manga. Aquela peculiaridade bem brasileira, que rebate a ideia de que brasileiro é acomodado e preguiçoso; pelo contrário! João e Bilu são o retrato do típico brasileiro que vai a labuta, logo de manhã e volta pra casa só no fim do dia exausto mas com a sensação de dever cumprido. Pra mim, brasileiro acomodado é aquele que reproduz os discursos manjados e padronizados, que mal sabe da história de seu povo e seu país e prefere se conformar com a lavagem cerebral imbuída e calcada nos nossos pré-conceitos ufanistas e edenistas, baseado também na educação familiar e nas relações sociais.
Fato é que poucos brasileiros regozijam-se da abundância cultural de sua pátria; há uma relação de amor e ódio, de pertencimento e não pertencimento, de identificação e não identificação com as características desse país. Mas posso lhes adiantar que João e Bilu faz com que nos apaixonemos um pouco mais pela cara desse Brasil tão misturado, heterogêneo e também desfigurado.
Dói. Dói de verdade quando vejo que algum brasileiro odeia o Brasil, me ofendo. É por esse motivo que não esqueço nunca das aulas de Cultura Brasileira do segundo semestre que aprendemos tanto sobre nossas raízes, sobre Sérgio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes e Gilberto Freyre; Chicos, Marias, Joãos e Josés.
Meu Brasil presente nas massas e maçãs de Almir Sater; no velho e invisível Avohai de Zé Ramalho; no amor malfeito depressa de Chico Buarque; a Juliana do joão e do josé de Gilberto Gil; no sonho e no pó, no destino de um só de Renato Teixeira...

A beleza se faz presente nos discuros proferidos, nas palavras escritas; a beleza que não é vista em gente como João e Bilu, que não é cantada, mas contada e mostrada da maneira mais verdadeira e simples. Gente invisível que está tão presente no nosso dia-a-dia e que passa despercebida; só conseguimos enxergar a beleza se assim nos é encaminhado e apontado pelo olhar do outro. Crianças invisíveis é um filme que grita a beleza e a pureza em meio a sujeira e a podridão. Quase como uma flor de lótus com suas pétalas auto-limpantes, as crianças ao redor do mundo mesmo com medo, dor e insegurança, transmitem o dom da vida frente ao caos.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A música da rua

Por Vanessa Yazbek

Assim como todo mundo, acabo passando diariamente pelos mesmos lugares, fazendo o mesmo caminho, e vendo quase sempre as mesmas pessoas. O que muda é o tempo, e os rostos dos transeuntes que caminham lado a lado na Paulista, e que dividem a mesma calçada por determinado momento. Esses rostos são esquecidos assim que desaparecem na próxima esquina, e logo são subtituídos pela atenção em outro rosto, num cachorro passando, ou em alguma música do meu mp3, que também tem minha atenção por menos de quatro minutos, e logo muda. É difícil manter na memória tudo que se vê quando se caminha por ali, afinal, são aproximadamente 1,5 milhões de pessoas que circulam diariamente por aquela avenida. Algumas coisas, porém, ficam, e geralmente são aquelas que chamam a nossa atenção por destoar no contexto geral da paisagem, ou que prendem nossos olhos e despertam algum real sentimento, além da indiferença.
Foi numa dessas andanças que eu acabei percebendo um mendigo e seu cachorro. Na primeira vez que os vi, o mendigo estava de pé em cima de uma das lixeiras quadradas de concreto que ficam numa das calçadas perto do metrô Consolação. Ele tinha um fone de ouvido enorme na cabeça, e tocava uma harpa imaginária que parecia pairar na sua frente. O cachorro, como o bom companheiro que é, estava sentado ao lado da lixeira, feliz da vida na presença do seu dono, e balançando o rabo pra qualquer e todo passante. Mas ninguém parecia ver aquela cena, cruzavam com apatia o mendigo e o cão, que pra mim, criavam um mundo a parte dentro daquele caos de pessoas, passos e pensamentos. Eu entendi o fato do descaso com o mendigo e seu cão, pois apesar de tudo, só na cidade de São Paulo (de acordo com o senso do ano de 2009), são 13.666 pessoas em situação de rua, o que faz com que essa situação se torne corriqueira aos nossos olhos. Apesar disso, eu não pude deixar de parar e observar por um bom tempo.
Fiquei imaginando o que aquele mendigo ouvia, e fiquei desejando poder ver aquela harpa também. A imagem me tocou de uma forma nunca mais esqueci disso, mas tive que retomar logo o meu caminho, e continuar a andar.
Desde esse dia, um bom tempo já se passou, e algumas vezes cruzei com ele de novo (sempre o via com o grande fone de ouvido), mas a pressa sempre me impeliu a passar reto, como a maioria faz. Há pouco tempo atrás, porém, num dia-feira qualquer, na mesma calçada, eu vi um grupo de pessoas, uma câmera na mão, um microfone e sorrisos nos rostos. Na frente delas, com pose de importância e sem esconder um certo brilho nos olhos, estava o mendigo, segurando seu cão pela coleira e discorrendo sobre algo, com imponência, no microfone. Meu sorriso se abriu de imediato, mas eu não pude parar pra entender direito o que estava acontecendo, tinha horário pra chegar na aula, e já estava alguns minutos atrasada, mas jurei pra mim mesma que algum dia ia voltar lá, sentar na calçada com aquele desconhecido, e fumar um cigarro, lado a lado, só pra ouvir suas histórias de vida e saber mais sobre a música que toca no seu fone.
Prometo que o dia que isso acontecer, posto nossa conversa aqui pra vocês. Enquanto isso, se alguém cruzar por lá e tiver mais notícias dele, que me avisem.

Só pra se situar:
http://www.vademetro.com.br/consolacao

O transporte público que a gente enfrenta

Por Gabriela Montesano

Todo santo dia pego o trem ou sou levada pra dentro dele, involuntariamente; ainda não sei definir. De manhã tenho o prazer da companhia da Júlia, que me dá carona até a faculdade. Mas, sem contar os dias em que consigo aquela carona inesperada, faço um longo caminho para voltar pra casa, precisando de um ônibus e um trem pra chegar ao destino final em que descanso (ou não).
Com tanta gente que pega aquele trem da linha esmeralda às 18h, encontrei alguém que chamou a atenção de todo mundo por alguns minutos e fez nossa viagem um pouco menos desagradável. Semana passada, o vi novamente. E digo que é muito fácil notar a sua presença; garanto que o vagão inteiro notou. Não faço ideia do seu nome e acho que seria difícil descobrir, porque todas as vezes que o encontrei, ele estava no vigésimo sono. Nada discreto, roncava tão alto que o vagão inteiro parava pra ouvir. Todo mundo ria. Variavam de risadas altas a baixas e discretas.
Lá estava eu, sentada bem em frente ao tal roncador, imaginando o que acontecia para ele não acordar em hipótese alguma. Pensei que o nome dele talvez pudesse ser Mário (adotemos o nome, então).
Mário deve ter uns 20 anos, é aparentemente alto e pesa mais do que os padrões que a mídia estipula, mas nada que salte aos olhos de chatos de plantão. É oriental, talvez de família japonesa, pelo jeito dos olhos puxados. Sempre está com camisa e calça social, e seu sapato, confesso que nunca reparei. Acho que Mário estuda e trabalha, talvez na área de engenharia. E deve acordar cedo, por volta das 5h da matina, por isso está sempre tão cansado. Ele se apóia na janela do trem e ali reluta pra se manter acordado. Sua cabeça desliza várias vezes e o ronco aumenta quando isso acontece, então ele volta à janela e continua seu sono ininterrupto - enquanto todos continuam a rir durante a viagem. Confesso que eu deixei aquele risinho envergonhado escapar algumas vezes e troquei alguns olhares de dó com outros espectadores.
Quando o trem chega ao ponto final, Mário não acorda e todo mundo sai rindo e comentando sobre o sono pesado do rapaz. Então, aparece o segurança que fica nas estações, faz um esforço grande pra acordá-lo e não assustá-lo e avisa que ele chegou ao destino final. Mário calmamente se levanta e deixa o vagão, sem imaginar o que aconteceu durante a viagem.

Esse post me lembrou um que a Camila Caputti escreveu no SÃO outros PAULOs há um tempinho atrás, sobre a diversão que a viagem de ônibus nos proporciona! Confere AQUI!

terça-feira, 11 de maio de 2010

A rua tem cultura!

Por: MANUELA CARVALHO


Anderson luta pela inclusão social de moradores de rua.

"As pessoas não acreditam que a rua tem cultura e organização. Acham que lá só tem drogados e bêbados, porém a maioria das pessoas começam a se drogar quando já estão lá." diz Anderson Miranda Lopes, coordenador geral do Movimento Nacional da população de Rua - SP.

Ele tem 34 anos e morou nas ruas de São Paulo por 15 anos. Nessa mesma época foi treichero ( palavra usada para os moradores que se locomovem a pé de um estado para o outro) passando pelo Rio de Janeiro e Bahia.

Em uma viagem, Anderson diz ter andado durante 2 meses de São Paulo até a Bahia, e conta que só conseguiu por causa da soliedariedade das pessoas que encontrava. "Elas sempre me davam algum alimento, é muito bom ver quando as pessoas se importam com você". O motivo da viagem foi a violência da cidade paulista. "Em São Paulo, a guarda metropolitana civil trata os moradores em situação de rua muito mal". Ele saiu da rua por causa da motivação da atual companheira.

O Movimento Nacional da população de Rua é a sua maior e melhor luta, e vive em busca dos direitos da população de rua,
Todos os meses, Anderson reúne os moradores em situação de rua para escutar reclamações e denúncias. A PLENÁRIA FALA RUA sempre é aborda alguma pauta, que envolve cultura e informações importantes.

"Estou a favor das pessoas, quero justiça!"

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Solas gastas, como a gente.

Por Vanessa Yazbek

Ultrapassando as fronteiras geográficas, e certo pré-conceito, que não deixa de ser uma fronteira criada por nós mesmos, o lado de lá do Atlântico não parece ser assim tão distante.
Na região Sul dos Estados Unidos da América, estado da Flórida, dentro de uma cidadezinha chamada Kissimmee, que fica no condado de Osceola, vive William Travor Willis - 22 anos, e muita vida nas costas.
Assim como é costume nos Estados Unidos, ele saiu de casa cedo, aos 19, pra tentar viver a vida longe da proteção dos pais.. seu primeiro verdadeiro emprego, conseguiu 3 dias depois de se formar no Ensino Médio, aos 18 anos. Trabalhava numa empresa de produção, e por sua competência, logo subiu de posto e virou gerente. A empresa fabricava grande parte dos grandiosos cenários utilizados nos parques da Disney, ajudando a construir parte daquela magia e sustentar a fantasia estética que os parques temáticos de lá criam. Porém, a beleza ficava só do lado de fora, pois ele trabalhava mais de 60 horas árduas por semana; nunca reclamou, apesar disso, pois era o que pagava (muito bem) o pão que comia. Ele ganhava o suficiente para ter o precisasse, e ficou lá até os 21 anos, quando os problemas econômicos de seu país bateram à porta e trouxeram uma má notícia.. Por causa da crise de 2008, a empresa em que trabalhava teve que demitir grande parte dos seus funcionários (essa história lhe soa mais próxima do que o normal?), e ele, por ser um dos mais novos que trabalhavam lá, teve que ir embora também.
(Pra entender melhor: http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2008/crisenoseua/ )
Acabou ficando um ano desempregado, apesar de tentar todos os dias conseguir um novo emprego. A situação não era nem um pouco favorável, e a economia parecia estar conspirando para que nada desse certo. Passou por todas as frustrações e desgostos que todo mundo passa, perdeu as esperanças, chorou, cogitou pedir ajuda e dinheiro, mas não o fez. Levantou e não desistiu (parece até coisa de brasileiro).. até que uma oportunidade apareceu. Podia não ser o melhor dos empregos, o salário mais tentador ou a rotina mais animadora, mas era um trabalho, era digno, e era seu. Agarrou (como qualquer um de nós faria), e deu o melhor de si. Voltou a trabalhar, e a trabalhar, e a trabalhar...
Ainda está empregado lá hoje, e faz por merecer. Mas sonha com o dia em que vai ter a oportunidade de voltar a fazer algo que goste e lhe traga melhores frutos. Não queria ter só que trabalhar pra poder se sustentar, sente que a vida é muito mais do que isso, e mostra certo desânimo em relação a sua atual rotina, mas diz que por enquanto é a única coisa que se pode fazer. Além disso, diz não acreditar no 'American Dream', e acha isso tudo uma grande bobeira.
Will pode ser de longe, mas o que carrega dentro de si é tão próximo quanto qualquer vizinho.
Essa história dava samba, mas prefiro colocar o link pra uma música que tenha as mesmas raízes que Will, e que transpareça a sua história e de muitos outros americanos da classe média. Do Sul dos Estados Unidos, com influências do country, blues e rock and roll, Lynyrd Skynyrd - Workin'.

E pros interessados, a letra:
http://vagalume.uol.com.br/lynyrd-skynyrd/workin.html
Vale a pena ;)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O problema financeiro que todos nós temos


Por Manuela Carvalho

Desta vez a nossa história começa diferente pois Cláudia não quer ser gente como a gente.
Cláudia tem 50 anos, e é solteira. O fato de ser solteira não a deixa tão triste. O maior problema de sua vida é não conseguir ter se concretizado financeiramente, no ambiente do trabalho. Até os dias de hoje Claúdia depende de seus pais. E revela " Não quer ser um peso para ninguém, o dia que meus pais falecerem- eu também vou"

Depois de nossa entrevista, eu fiquei pensando - Como uma pessoa consegue anunciar sua morte? - E porque então ela não começa estudar?

Desde pequena ela sempre teve dinheiro, sua família era bastante rica. Naquela época as mulheres eram criadas para casar, e não estudar. Foi assim que aconteceu com Claúdia, ao invés de estudar na faculdade - ela fazia cursos de como ser uma ótima mulher- Aprendeu a cozinhar, costurar..
Com o passar dos anos, sua família perdeu bastante dinheiro e Cláudia não se casou. Ela mora com seus pais desde pequena e não irá se mudar tão cedo. "Me sinto triste por não conseguir ter minha própria casa".

Mas o que será que Cláudia faz durante seus dias?

Ela tentou trabalhar durante uma época, mas não via muito futuro nas empresas. Além de passar o dia na Internet tentando vender e revender coisas, ela é uma ótima cozinheira- é quem pilota o fogão de casa. "Não quero abrir um restaurante, prefiro cozinhar para amigos"

Há sete meses frequenta um psicólogo, e espera pelos resultados. " É complicado viver assim, em depressão, mas penso que daqui a pouco só coisas boas irão aparecer!"

E é assim que Cláudia vive.




Dúvidas sobre depressão

Cura da depressão

quinta-feira, 22 de abril de 2010

SÃO outros PAULOs

Por Gabriela Montesano

SÃO outros PAULOs também são Gente como a Gente!

Estamos com algumas novidades pra sair no blog em breve! Enquanto não estão prontas, vou compartilhar uma dica que peguei no SÃO outros PAULOs, que tem tudo a ver com gente.
Hoje, a Mari postou sobre um evento que está rolando em São Paulo e que pode ser do seu interesse: o Whisky Festival, com muita música, comida e filmes no estilo escocês!

Confiram AQUI a matéria!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Animal, empático, como a gente.

Por Sabrina Fantoni


Frans de Wall estudou biologia na Holanda, seu país de origem; é considerado um dos mais importantes primatólogos do mundo e já escreveu mais de 6 livros para o público leigo. Neste vídeo ele fala sobre neodarwinismo, sociedade capitalista e a empatia presente nas relações animal-humana

Estou terminando de ler um livro, que nos foi indicado pelo nosso querido e estimado professor de comunicação e cultura, Fernando Salinas, logo no início do curso: Eu, primata - porque somos o que somos, do primatólogo Frans de Waal lançado em 2005.
Inicío esse post com o vídeo do autor falando sobre o assunto que quero tratar aqui: Empatia.
O conceito desse termo basicamente é: sentir como se fosse o outro; entender e se propor a sentir aquilo que o outro possa estar sentindo em determinada situação. A empatia começou a ser estudada recentemente pela ciência, pois antes consideravam-na algo relacionado à misticismo ou espiritualidade; hoje entende-se como uma das características evidentes da nossa condição humana.
Devo reiterar que é explícita não só nas relações humanas -embora na nossa espécie seja mais desenvolvida, desde os primeiros anos de vida- mas também nos animais, principalmente mamíferos. O principal pensamento que tirei dessa obra é do porque assimilamos a brutalidade humana com a selvageria animal. E quando algum animal -geralmente cães, macacos- pratica um ato "heróico" é reverenciado como humano, e tratado como algo inacreditável um ser irracional ser solidário e se prontificar para ajudar alguém da mesma espécie ou nao. Casos assim são quase que frequentes na mídia, como se fossem excepcionais e de grande relevância, como o do cachorro que pulou na frente de uma cobra quando percebeu que essa iria atacar seu dono -um menino ainda criança- e recebeu, assim, o veneno no lugar dele.
Penso que devem, sim, ser noticiados casos assim, entretanto, não tratados como algo inédito, pois essa solidariedade e ímpeto não se restringem somente aos humanos.
Foi construída uma estética de pensamento, classifico eu, de maniqueísta; o belo e o feio, o certo e o errado, o humano e o animal. A violência, brutalidade, competição e a insanidade nos é inerente, no entanto atribui-se todas essas características aos animais irracionais; ao passo que também é inerente a nós a generosidade, a empatia, a bondade e a resignação, essas também presentes e inerentes aos animais embora nunca lhes darmos esse crédito.
Frans de Waal destaca que não só somos tão selvagens e cruéis quanto os animais, como podemos ser mais brutais do que eles. Porém, também podemos ser muito mais bondosos, gerenosos e empáticos.
Amo os animais; vivo falando que não gosto de gente mas me contradigo nesse ponto o tempo todo. Certa vez, eu e Vanessa Yazbek fomos comprar roupas, entramos numa loja e saímos sem levar nada. O vendedor foi muito educado, sem aquela afobação de querer vender, havia apenas uma simples boa vontade de atender bem à um cliente, tanto que quando fomos embora ele deu um sorriso verdadeiro e nos chamou de "meus amores" logo que o agradecemos pela atenção. Saímos de lá nos olhando com um ar de satisfação que nao conseguimos não comentar sobre o ocorrido até que soltamos um "Ah, fofo..." na mesma hora.
Houve também um fato que aconteceu comigo, inesquecível. Estava eu no ponto de ônibus indo para o Mackenzie quando fui abordada por uma velhinha de 84 anos; ela aproximou-se e falou: "Oi, meu anjo lindo de vermelho e branco" e começou a me contar de sua vida, de situações fortuitas e pediu pra eu nunca desanimar seja lá por qual motivo fosse. Ela sabia que eu estava aguardando meu ônibus e quando eu olhava para o lado para verificar se ele já estava chegando, ela mesma se prontificava para me avisar assim que avistasse o Praça Ramos. Não me esqueço da doçura presente em seu olhar e na simples vontade de expressar o que sentia naquele dia, distribuindo sorrisos pra quem quer que passasse ou parasse no ponto. Todos a observavam com carinho, como se fosse uma criança linda. Aquilo simplesmente fez o meu dia, pois pude ouvir alguém que simplesmente queria me contar algo, além de toda simplicidade e generosidade que absorvi daquela pequena senhorinha. Creio que esse foi o ápice da empatia que já vivi nesses 20 anos de idade.
Fato é que muita gente não teria dado atenção para a velhinha ou ficaria ouvindo-a de má vontade; ás vezes até eu poderia estar num dia terrível, nada disposta para conversas fortuitas num ponto de ônibus, mas ela simplesmente me ganhou, e olha que eu nem sou tão bem humorada assim.
Tem um trecho do grande clássico de George Orwell - 1984, que para mim, é o exemplo cru de empatia; não de humano para humano, mas sim de humano para com a natureza, uma força maior, àquilo em que acreditamos e que nos move:
“... -Os homens são infinitamente maleáveis [...] são inermes, como os animais. A humanidade é o partido.
-Não me importa. No fim haverão de vos derrotar. Mais cedo ou mais tarde verão o que sois, e então vos estraçalharão.
-Vês algum sinal de que isso aconteça? Alguma razão para que aconteça?
-Não. É o que acredito. Sei que falhareis. Há algo no universo... não sei o quê, um espírito, um princípio, que nunca podereis vencer.
-Acreditas em Deus, Winston?
-Não.
-Então o que é esse princípio que nos derrotará?
-Não sei. O espírito do Homem.
-E tu te consideras homem?
-Sim."
Talvez o vocalista da banda Nirvana, que se suicidou em 94, Kurt Cobain tenha cometido tal ato pela apatia e falta de perspectiva em si enquanto homem, ou também, enquanto homem e sociedade. Pode ser que pela ausência de empatia que em sua carta de despedida ele escreveu essa palavra muitas vezes no final de seu texto...
Empatia, empatia, empatia...
Assim como a criança de 2 aninhos que chora ao ver o amiguinho chorar; assim como o cão que se prontifica a lamber as lágrimas de seu dono, assim como um gorila que fica transtornado -mesmo em sua condição de selvagem- ao perceber que feriu alguém de sua espécie, ou nao; Assim como eu fico desesperada ao ver minha mãe inquieta por não saber onde meu irmão se enfiou; ou aquela sua amiga que está sofrendo por amor e você se pudesse faria de tudo para aliviar a sua dor.
Por fim, a empatia consolida nosso estado de ser humano-animal, e consolida o estado do animal-ser humano.

Ele sempre foi gente como a gente.


Por Manuela Carvalho

Paulo Cezar é gente como a gente. Ele se assumiu, mas o que é se assumir diante dessa sociedade? Desde pequeno Sérgio sempre foi assim, sempre se sentiu "diferente". Até a oitava série, não tinha amigos. Ninguém queria se sobressair e ser amigo do "diferente". No colegial, as pessoas eram mais abertas - mas mesmo assim ele não era totalmente aceito. Muitos colegas eram "diferentes" e não se assumiam, MAS ele SIM - ele se assumiu.
Aprendeu a viver sozinho, naquele mundo as pessoas eram muito quadradas, fechadas. Quando ingressou na faculdade, descobriu novos colegas, novos mundos! Não havia aquele clima escolar, todos se respeitavam. Conheceu nova gente, gente "diferente".
Hoje se diz feliz por ter assumido o seu rumo. "Se Deus me perguntasse o que eu gostaria de ser- heterosexual ou homosexual, eu escolheria ser assim, do jeito que eu sou!", revela Cézar.
Ele se assumiu para uma parte da familia, outra ele ainda espera. Não tem pressa, oportunidade é o que não falta. Alguns não querem saber sua opção de vida, outros tiram inúmeras dúvidas. As pessoas ainda olham torto para ele, mas elas não entendem essa questão está muito além de uma escolha.
A igreja não aceita, os machistas não aceitam, grande parte da sociedade não aceita. Posso dizer que os gays assumidos são muito mais homens- fortes do que muita gente por ai. Eles se assumem! Vão contra muita gente e são felizes!
Desde pequena conheco Paulo, e posso dizer que ele nasceu assim. E fico muito feliz por ele ter se realizado e mais importante se assumido. É imensamente díficil se assumir "diferente".


Veja um vídeo sobre DIREITO DE SER GAY

HOMOFOBIA

PERSONALIDADES GAYS

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ele é e precisa de gente como a gente.


Por Manuela Carvalho

Ele é e precisa de gente como a gente - Ninguém faz sucesso sozinho, o livro da trajetória de Antonio Augusto Amaral de Carvalho diz muito sobre o que é ser o "TUTA".

SUA HISTÓRIA: AAA de Carvalho, mais conhecido como Tuta, é considerado responsável por inúmeras transformações no rádio e na Televisão.
O sangue quente já era tradição, seu pai era o Paulo Machado de Carvalho, advogado e empresário que fundou a TV Record.
Atualmente Tuta tem 78 anos, e trabalha todos os dias na rádio Jovem Pan. Desde manhãzinha ele anda de um lado pro outro pela emissora, portanto uma dica: é extremamente díficil encontra-lo em sua sala.
Sua carreira começou com 21 anos, quando começou na Rádio Panamericana ( atual Jovem Pan). 1953 Tuta deixou o rádio para transformar a televisão. Foi então que criou e dirigiu na TV Record alguns dos programas históricos da televisão brasileira, como “O Fino da Bossa”, “Bossaudade”, “Família Trapo”, “Hebe”, “Show do dia 7” e muitos outros que marcaram época. Aaaa, não posso me esquecer que além de tudo isso ele também inovou a cobertura esportiva da TV - fazendo as as primeiras tomadas do público nos estádios.
Em 1964, AAA de Carvalho, retomou a direção da rádio Panamericana - mudando seu nome para "Jovem Pan". No seu processo de transformação do rádio, fez vários programas com os ídolos de MPB, e em algum tempo depois, introduziu programas jornalísticos e de prestação de serviço.
Já faz 35 que está na rádio, e ele ainda está escrevendo e mudando a história da mídia.

Tuta já recebeu por dez anos consecutivos o Prêmio Roquete Pinto, mais tarde recebeu o Tupiniquim da TV Tupi, o Prêmio Governador do Estado.
No ano de 2009 A Associação Paulista dos Críticos de Artes (APAC) concedeu a ele o “GRANDE PRÊMIO DA CRÍTICA.
Poucos sabem: Tuta nunca gostou de se expor, portanto o primeiro prêmio que ele recebeu pessoalmente foi o APAC em 2010.



Saiba poco da estréia do livro

Veja o discurso de Tuta no APAC

sábado, 10 de abril de 2010

Augusto Cavalcante: jovem e obeso

Por Caroline Albanesi

Augusto é gente como a gente, não pode mudar o mundo, mas tenta mudar a si mesmo.
Augusto Cavalcante é um adolescente comum, que se interessa por garotas, amigos e música, mas é visto de forma diferente, pesa 127 kg. O garoto só tem 15 anos e já vive drama de adulto, se diz infeliz por comer demais, mas come cada vez mais por estar infeliz.
Numa sociedade em que a aparência sobrepõe os valores éticos do homem, um jovem obeso não passa de uma anormalidade para muitos que ainda enxergam o mundo com grandes restrições.
Augusto é meigo, tem tanta vergonha de ser visto que sua fala é contida e o olhar cabisbaixo. Suas mãos estão sempre molhadas de suor e seus ouvidos já se acostumaram com os infinitos apelidos maldosos que surgem das bocas de seus "colegas" de colégio: "baleia", "elefante", "gordo obeso", e o pior até hoje, na opinião do garoto, que foi "nojento", quando a partir de então, passou a se sentir assim.
Sente-se culpado por estar vivo, e afirma que comer hoje é uma necessidade e não prazer: "Sempre que coloco alguma coisa na boca todos olham e pensam que não deveria estar fazendo aquilo". Augusto não sente mais o gosto do alimento, mas o peso de culpa que cada migalha lhe causa.
Seus pais, dona Marília e seu João, não sabem mais o que fazer. O casal, proprietário de um empreendimento em São Paulo, faz terapia em grupo na companhia de seu filho, mas diz não poder mudar o mundo. A relação dentro de casa hoje é outra, além de alimentos saudáveis, muita conversa para aproximar o filho dos pais e distanciá-lo de suas constantes crises de angústia. Augusto concorda, hoje vive muito melhor, reconhece a grandeza que existe dentro de si mesmo e busca combater os excessos de seu corpo por meio de uma alimentação equilibrada, exercícios e muita autoestima. Afinal, o exercício mais importante é aquele que vem de dentro e se reflete no exterior, é a beleza que não tem idade e nem peso, mas que vale muito.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A sombra da sua sombra



Por Sabrina Fantoni


Acordava bem cedinho para aproveitar o café fresquinho e o pão quentinho. Aquela manteiga gorda e o leite espesso, direto da vaca; eu era capaz de sentir o gosto e a textura só de imaginar. A poeira e o cheiro de cana queimada contribuíam para a sensação quente e seca de Ribeirão Preto, cidade onde alguns dos Fantonis da minha família se firmaram e continuaram suas vidas. Eu me preparava para voltar pra São Paulo das férias de julho que havia passado lá, quando, ainda na mesa do café, meu primo tira de sua pasta um presente para mim; era um cd gravado com as canções de Nina Simone, uma grande cantora de Jazz dos anos 50, norteamericana. Como sempre soube do bom gosto musical de meu primo, Tim, sabia que era algo no mínimo respeitável.
Dona de uma voz maravilhosamente negra, com aquela peculiaridade e entonação grave, Eunice Kathleen Waymon Adotou o nome Nina, que veio de pequena (little one)e Simone por causa de sua atriz preferida, Simone Signoret, grande nome do cinema francês.
Nascida em 1933, na Carolina do Norte, ficou mundialmente conhecida por sua interpretação de "My baby just cares for me", e uma das mais lindas versões de "Ne Me Quitte Pas" de Jacques Brel também cantada por Nina.
Mulher de fibra, recusou-se a viver em seu país de origem pois não aceitava continuar morando num lugar onde sua "raça" não era respeitada; cantou no enterro do pacifista Martin Luther King e sempre foi muito envolvida na questão do preconceito racial. “Mississippi Goddamn” tornou-se um hino ativista da causa negra, e fala sobre o assassinato de quatro crianças negras numa igreja de Birmingham em 1963.
Foi pela batalha dos direitos civis que, segundo a própria, seus amigos se foram, dentre eles Stokely Carmichael, Malcolm X e Luther king. Apesar da sua força e determinaçao, na sua vida íntima, ela que era casada com um policial nova iorquino era espancada pelo próprio marido.
Nina compunha a lista das mulheres negras de belíssimas vozes do Jazz. Assim como ela, podemos citar Sarah Vaughan, Billie Holiday e Ella Fitzgerald. Essas que mudaram o cenário musical da época, revelaram o poderio da voz feminina e das mulheres no comando. Depois delas viriam muitas outras que se tornariam referência mundial, como Aretha Franklin e Etta james.
Em 21 de abril de 2003, aos 70 anos, Nina morre dormindo, de causas naturais, em sua casa de Carry-le-Rouet, no sul da frança. Assim como todo mundo, a cantora bem sucedida e reconhecida mundialmente, também tinha suas inseguranças, medos e fraquezas. Nina também era gente como a gente, mas era A Nina.

Gente como a gente se mobiliza!

Por Manuela Carvalho.

Gente como a gente está muito triste com a tragédia do Rio de Janeiro. Mais de 100 pessoas morreram por causa da intensa chuva

Resolvemos indicar o Blog do G1, se voce quiser acompanhar.


Se você quiser doar algo - ai vai uma dica:

Plantão por doações funciona 24 horas

A Secretaria municipal de Assistência Social fechou uma parceria com a Cruz Vermelha para receber doações para os desabrigados da chuva no município do Rio. Segundo a secretaria, o plantão está funcionando durante 24 horas e as doações devem ser entregues na Praça da Cruz Vermelha 10, no Centro do Rio.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Espirito da páscoa



Por Manuela Carvalho

Essa história só pode ser contada por mim, eu que a vivi!!! A alegria de viver a páscoa com a familia, amigos e namorado não tem preço. Sem eles o meu "coelhinho da páscoa" não é o mesmo.
Quando eu era criança, páscoa era sinônimo de CHOCOLATE e só!!! Eu pensava que ia passar o dia procurando o famoso coelhinho e ia comer chocolate até explodir.
Hoje em dia, já vejo diferente, prefiro NÃO comer chocolate até explodir ( obvio, senão eu viro uma baleia) e prefiro NÃO procurar coelhinho (por razões lógicas)

Nessa Páscoa:
Fui viajar para ilhabela com meu namorado e amigos, e voltei no Domingo de manhã (para que não eu não pegasse tanto congestionamento)e ainda conseguisse ver minha familia na Pascóa.
Acordei as 11 da manhã e fiquei parada no trânsito durante 8 horas. Chegando em São Paulo, eu entrei no meu quarto havia vários ovos de chocolate. E a alegria que vinha quando eu era pequena, não apareceu. Tentei passar o resto do dia com meus pais, mas eles já estavam deitados, quase dormindo. Conversei um pouco e só.

É, posso dizer que senti falta da minha familia na páscoa.. O verdadeiro motivo da páscoa


domingo, 4 de abril de 2010

Viva Chico!

Por Caroline Albanesi

Chico Xavier, de "gente" para a gente.

De repente me encontrei num domingo pós feriado tendo que escrever algo para dinamizar o meu blog. Pensei em deixar pra lá, mas a consciência me impediu de dormir tranquilamente. Preciso admitir que tentei, já estava com a cabeça no travesseiro quando meu irmão entrou no meu quarto comentando sobre o filme de Chico Xavier que acabara de assistir e que fora produzido em função de seu centenário. No momento pensei..."é isso"! Preciso comentar de Chico no blog. Afinal, como falar de "gente" sem citar este personagem de controvérsias e feitos, de grandeza e humildade?
Quando penso em Chico lembro de minha avó se preparando para o encontrar em Uberaba. Eram muito amigos. Foi ele quem a incentivou a criar sua primeira creche, que deu tão certo, que em pouco tempo surgiram mais dez.
Chico era bom, homem diferente, de voz mansa e trabalho incessante. Vivia para servir. Nunca teve sequer uma namorada. Também não era homossexual, mas diferente. Gente decente, dessas que não se encontra sempre. Amigo fiel, orador e persistente. Não desistia perante as lutas, sabia que depois da curva viria uma estrada longa e direita, bastava acreditar que era apenas uma curva e enxergar a vida como um presente.
A mídia o perseguiu, achou que ele inventava para entrar na galeria dos heróis. E foi o contrário, virou herói por não se divulgar, por trabalhar de forma silenciosa, mostrando resultados realmente atordoantes, inacreditáveis.
Há que crê, outros que não, mas eu continuo admirando esta figura brasileira, este homem iluminado, essa "gente" que serviu gente toda sua existência.
Falando em filme, boas críticas. Para saber se um filme biográfico é bom, basta perguntar à algum conhecido do protagonista. Parece que Nelson Chavier de Chico tem um pouco.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Ana, Carol, Ana Carolina

Por Gabriela Montesano

Ela é gente como a gente.

Aos 20 anos, Ana está grávida do segundo filho. Às vezes ela é Ana, às vezes Carol, às vezes Ana Carolina. É de baixa estatura (tem por volta de 1,52), cabelo alisado na altura dos ombros, olhos castanhos e pele morena. Vive com as unhas bem feitas, tanto das mãos quanto dos pés, e está sempre bem arrumada. Ana tem uma história que pra mim não tem nada de comum, mas pra você pode ter.
Quando tinha 16 anos, engravidou propositalmente de Wellington. Os dois decidiram que a melhor opção seria ter um bebê, para que deixassem suas casas e fossem viver juntos. Assim foi. Com a barrriguinha aparecendo, ela se casou aos 17 anos e foi morar na estrada de Itapecerica. Nove meses depois, Mariana nasceu. Bem pequena, rostinho lisinho, nada de cara de joelho. Ela era quietinha, mal chorava, e Ana podia cuidar da casa tranquilamente enquanto ela ficava no berço ou no carrinho.
Wellington perdeu o emprego, Ana também. As brigas aumentaram e a separação veio. Não no papel, mas veio. Wellington foi embora e Ana ficou lá com Mariana. Se envolveu com outro e se meteu em milhares de problemas. O novo namorado era traficante e gostava de planejar, juntamente com Ana, os roubos. Juntos, eles roubavam carros, televisões, rádios, computadores. Um dia ele trouxe uma TV de presente pra Ana e aí ela percebeu que não queria mais viver com ele, que essa vida era perigosa demais para ela e para a pequena. Mandou-o embora e pouco tempo depois lá estava Wellington de novo.
Eles fizeram juras de amor pra todos os lados e reataram os laços amorosos rapidamente. Mas quem disse que tudo mudou? Essa foi a vez de Wellington arranjar outra mulher e decidir ir embora. Foram pratos voadores pra lá e pra cá, palavrões de monte, socos e tapas. Todo mundo acreditou que tudo havia acabado ali, mas alguns meses depois lá estavam eles de novo se acertando, se amando, que querendo.
Hoje, Wellington tem um novo emprego, Mariana tem 3 anos e Ana está esperando o segundo filho do marido, com uma barriga saliente de 3 meses. Os dois fazem planos, pensam em nomes de menino e menina, às vezes discordam, às vezes concordam, às vezes cedem e parecem ter finalmente encontrado o amor em meio a tudo.

Eles também são gente como a gente

Por Manuela Carvalho

Estava procurando algo interessante para postar no blog e achei!!!

Este site " Ruas Digitais" contam as histórias de moradores de rua!!
Como eles são gente como a gente resolvi mostrar um pouco deles pra vocês!!!

"O grande objetivo do projeto Ruas Digitais é ter o site como uma mídia para moradores em situação de rua, dando voz a estas pessoas, com informações de pessoas desaparecidas, histórias de vida e denúncia.

O projeto ainda pretende expandir em sua área de inclusão digital, mostrando para a sociedade outro lado da população de rua, visando ser um núcleo de comunicação focado nesse público.

Esse é o grande desafio, unir esforços de projetos sociais e ampliar para o Brasil um pouco mais sobre a inclusão digital e social."


QUER SABER MAIS? Entre no site http://ruasdigitais.com.br/

Achei muito legal esse inclusão digital dessas pessoas que não tem poder aquisitivo.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Comissão Jovem

Por Gabriela Montesano

Por curiosidade, digitei "Gente como a gente" no Google e descobri uma entidade localizada em Planaltina (DF).

"A Comissão Jovem Gente Como a Gente é uma entidade beneficente, sem fins lucrativos, de assistência social, cujos trabalhos são voltados em prol dos portadores de deficiência de Planaltina-DF.
Criada no ' Ano Internacional das Pessoas Deficientes ', 1981, foi Registrada em cartório em 1983. Seu campo de atuação é bastante diversificado, envolvendo ações nas áreas de educação, saúde, trabalho, emprego, cultura, esportes, assistência social, além do lazer e o entretenimento.

É uma entidade de luta."

A entidade tem vários objetivos em prol do deficiente. Ela busca meios de facilitar a vida deles, encaminhando ao mercado de trabalho, realizando visitas domiciliares, realiza atividades sociais, participa de competições esportivas, luta pela causa do portador de deficiência.

Se você quiser saber mais sobre a entidade, acesse o site Comissão Jovem Gente Como a Gente.

terça-feira, 30 de março de 2010

Gente como a gente e seus irmãos.

Por Manuela Carvalho.

Estava navegando pela internet e descobri os irmãos de Gente como a gente.


Gente como a gente no WORDPRESS.
http://gentecomoagente.wordpress.com/

Gente como a gente no BLOGSPOT.
http://www.gentecomoagente.blogspot.com/


Entre lá e descubra as semelhanças!!!!

segunda-feira, 29 de março de 2010

O jornaleiro que é gente como a gente!

Por Manuela Carvalho

Júnior é jornaleiro e é gente como a gente.

“Manhee, vê se tem 14 reais aí”, começou Francisco Ranieri Junior , o famoso jornaleiro da Av. Paulista. Meio garotão, mas bem maduro, ele completou 42 anos, gaúcho porém se considera paulista.“Minha vida é um jogo aberto e não tenho nada a esconder”, assim começou contar sua história.

A banca é uma herança familiar, fundada pelo seu pai e seu tio em meados de 70." Jovem Banca" foi uma das primeiras bancas na região paulistana, quando a grandiosa av. Paulista ainda não estava pronta. A correria da rua mais agitada de São Paulo permite que Junior trabalhe no mínimo 10 horas por diasua banca fica aberta 24 horas.

“Porque somos conhecidos? Eu acho que é pelo do atendimento, variedade, simpatia e localização, é um mix de coisas”. Sempre bem humorado e espontâneo, diz que nasceu para esse trabalho, adora se comunicar com as pessoas. Considera-se um homem de sorte, e revela que sua base para acordar otimista todos os dias sempre foi a família.

"Revistas, jornais, livros, cigarros... Pode-se considerar uma banca completa. Entretanto, a de Junior é especial. Lá se encontra sua “galeria”. No canto da loja, revistas de mulheres nuas autografadas. “Já me ofereceram mil reais pela revista da Sabrina, mas eu não vendi não.”

Além da banca ser conhecida pela sua galeria de mulheres peladas, o jornaleiro produz eventos. Participou ano passado na Virada Cultural, com 12 horas de música ao vivo sem parar.

A loja já passou por várias histórias de roubos, vandalismo e loucuras. Francisco estava no dia em que o São Paulo Futebol Clube se tornou campeão da Copa Libertadores da America, para defender sua banca teve que se fingir de são paulino sendo que torce pelo Corinthians. “Uma vez uma mulher tirou a blusa na minha banca, e eu desesperado pedindo para ela vestir-se novamente”.

Seu dia é resumido pelo trabalho, as vezes sai para namorar, luta Jiu Jitsu quando pode e tem a comidinha sempre preparada pela mamãe. “Quando eu acordo minha mãe prepara as coisas que eu gosto, geralmente ela deixa a comidinha pronta”.

“Casei muito novo, tinha 20 anos minha mulher apenas 15. Você acredita que eu tive que pedir autorização do juiz para me casar?”,conta o jornaleiro, mas diz que se separou após 15 anos de matrimônio e mantém uma relação ótima com sua ex-mulher, que também trabalha em sua banca.Com um filho de 22 anos chamado Francisco, ele espera que siga a mesma carreira que a sua, porém não parece muito interessado e preferiu cursar Administração. Após a separação, decidiu morar com sua mãe Maria Beatriz por quem é bastante paparicado.

Ano passado, Junior se formou em turismo e pretende ainda estagiar em uma agência. Sempre muito esforçado, ele usou o aprendizado da faculdade para aplicar em sua banca. Lá aprendeu a mexer no computador e até criou um site. “Eu sei muito como funcionam as coisas na faculdade, meu filho não conseguiria me enganar”.

A "Jovem Banca" fica embaixo do prédio da Jovem Pan, onde os integrantes do PÂNICO trabalham. "Como todos os dias eu ia lá entregar jornal, fiz amizade com o Emilio" , assim várias promoções do pânico são feitas aqui, como vender revistas autografadas dos famosos que vão a rádio.



confira a tarde de autógrafos da Priscila do BBB na "Jovem Banca" :

http://www.youtube.com/watch?v=V7Qs5zAgVLs
Entrevista de Júnior no Pânico:

http://www.youtube.com/watch?v=96ivclr1tJ4
O site da banca também está disponível :

http://www.jovembanca.com.br/

domingo, 28 de março de 2010

Fim de Semana

Por Manuela Carvalho
Nesse fim de semana conheci o Júnior, o famoso jornaleiro da Av. Paulista!!!!!
Não Percam!!! AMANHÃ!!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Esperança renovada

Por Caroline Albanesi

Wilma supera, é gente como a gente.

Posso afirmar que dificilmente encontro pessoas realmente sensíveis. Não falo daquela sensibilidade egoísta, que se restringe apenas à nós e àqueles que amamos, mas do sentimento que invade o peito quando as emoções de um desconhecido se refletem em nosso coração.

Wilma Sales, 67,a princípio não teria muitos motivos para sorrir. Perdeu um filho quando este ainda era jovem e há poucos meses ficou viúva, seu marido e companheiro de anos faleceu enquanto ela viajava, fazendo trabalho voluntário.

Suas dificuldades sempre foram ultrapassadas com muita força e persistência. Não acredito que exista dor mais forte do que a perda de um filho, e Wilma também. Por isso, criou o “Grupo de Mães”, projeto que reúne mães que perderam seus filhos e que substituíram o sofrimento pelo trabalho, passando a produzir enxovais de bebês que são entregues às grávidas do sertão nordestino.

Hoje, elas já são em mais de cem, dividindo-se entre as tarefas de arrecadar, costurar, e produzir os enxovais, que são recebidos com alegria por mães que muitas vezes não têm uma roupinha para envolver seus filhos após o parto.

Wilma caminha enxergando o próximo, estendendo as mãos para ajudar aqueles que alcança e serve de exemplo ao mundo, que mesmo a desconhecendo, recebe a semente de esperança deixada no coração das vidas do sertão que chegam ao mundo de forma diferente.

Um homem de aço, mas não totalmente

Por Sabrina Fantoni

Canceriano, palmeirense, casado há 51 anos, homem cheio de conceitos e princípios, de fé imensurável. A primeira vista soa como uma incógnita, impressão desfeita logo após a primeira troca de palavras, mostrando-se um homem sensível, apesar de um pedaço de aço em seu peito devido a um enfarte.

Nascido no interior de São Paulo, em 1932, na cidade de Itatiba, Roberto Salvagno inicia sua grande história de vida. Perdeu sua mãe aos dois anos de idade, vivia com a madrasta, um irmão mais velho que faleceu aos 23 anos de idade de uma doença chamada nefrite, que naquela época não se tinha muitos recursos para ser tratada, e o pai; pessoa a quem se refere com muito carinho, mencionando ser um homem excepcional e íntegro. Já sua madrasta, o criou na base das pancadas, havendo muitos atritos. Ainda assim, a chamava de mãe, pedia-lhe sua benção e sentia amor por sua pessoa. Seu Roberto, senhor agradável, acolhedor e com um ótimo senso de humor, conteu-se para não soltar alguns “palavrões” quando entramos no assunto sobre a política brasileira. Para ele, nesse caso, não existe exceção para a regra, todos não prestam. “É tudo filho de qualquer coisa, menos de mãe” diz ele. Tudo o que Seu Roberto não é, é um homem alienado, lê jornal todos os dias, se mantém atualizado, tanto que fez algumas analogias com as políticas japonesa e americana.
Foi numa festa de São João que Seu Roberto conheceu a pessoa mais importante de sua vida, Dona Marina, sua esposa a 51 anos, com quem tem cinco filhos. Família pela qual batalhou muito para nada lhes faltar. Quando completou a maioridade, inscreveu-se na polícia rodoviária de São Paulo, lugar onde aprendeu a fumar e a ser bobo, segundo seus companheiros de trabalho. Eles não falavam, mas pensavam pelo fato de Seu Roberto nunca ter aceitado nenhum tipo de propina de traficantes e contrabandistas. Ficou lá durante oito anos até virar motorista particular do dono da empresa onde trabalhou mais dezesseis anos, ele sentia que possuía mais utilidades a ser apenas um motorista, e conseguiu se infiltrar em outros cargos. Mudou de emprego tornando-se coordenador geral de transportes da caloi por seis anos, a saga (assim intitula sua trajetória) continuou quando parou no real expresso sendo gerente geral. Trabalhou 42 anos até se aposentar, mesmo com o inps constando que foram só 32 anos de trabalho.
Homem de espiritualidade forte, cristão católico, com uma fé inabalável. Ainda criança, quando saiu de Itatiba para morar na casa de uma tia solteirona, adquiriu uma violenta sarna pelo fato de dormir no chão com os cães. Médico nenhum conseguiu dar jeito na situação, estava em carne viva quando seu avô deu um basta, matariam a sarna antes que ela o matasse. Seu Roberto foi levado a uma benzedeira que salvou a sua vida indicando um sabão de cinzas para tomar banho. Ele sarou.
Durante 39 anos foi fumante, tornou-se um homem obeso, chegando a pesar 114 quilos, até que enfartou pela primeira vez, porém, não percebeu. No segundo a história foi diferente; “a dor do infarto põe dor de parto e renal no bolso”, diz ele. No segundo enfarto, acordou ensopado de suor e com âncias. Esperou passar a dor para não ter que acordar Dona Marina, até que a dor voltou com mais intensidade e a acordou, avisando que estava enfartando. Ficou internado 36 dias, passando por cateterismos, cirurgias, e por uma sensação de impotência única. E aquele famoso filme da nossa vida passando pelas nossas vistas. Hoje, Seu Roberto tem quilos a menos, um pedaço de aço em seu peito, não tem mais o vício do cigarro, faz caminhadas todos os dias e se sente muito mais disposto. Ele conta que quando saiu da estadia no hospital, passando pela paulista desabou em prantos. “É uma sensação, sei lá, que você ganhou uma vida, que você foi um tremendo de um “mané”, fazendo coisa que não devia fazer para ganhar um presente que não precisaria ter ganhado se ouvisse as palavras sábias do médico do hospital sorocabano. Me achei o super- homem, no fim eu sou um super -tonto”
Seu Roberto é palmeirense roxo, adora ver futebol, mas não joga. Não queria falar muito sobre o assunto pela derrota do dia anterior, outros hobbys que ele tem é pescar e dirigir, só teve 3 multas em 57 anos de carteira, e dois acidentes de carro. “Me amarro em pegar a estrada e admirar aquilo que Deus criou”. Quando era jovem gostava de lutar boxe, mas por repressão de seu pai, abandonou. Seu Roberto, aos 76 anos é um homem completo, admirado e amado por sua esposa, seus cinco filhos e sete netos. Mostra-se satisfeito com aquilo tudo que conquistou, pelo ser humano que se tornou, não guarda mágoa de nada e de ninguém, e quer que Deus lhe dê saúde e força pra ajudar aqueles que precisam de sua ajuda. “O homem vai para a lua, mas não consegue amenizar o sofrimento das pessoas”, afirma ele ao falar de pessoas que sofrem de doenças ingratas como o câncer.

terça-feira, 23 de março de 2010

Eu amo São Paulo

Por Gabriela Montesano

Dona Maria do Carmo foge às regras, mas também é gente como a gente.

Não me lembro de um segundo sequer de silêncio enquanto Dona Maria estava no salão de beleza. Papo vem e papo vai muito rápido com ela. A senhora de 71 anos é conhecedora de tudo o que já se ouviu falar neste mundo. Pra cada assunto ela tem uma história. Mas tem uma frase que ela não para de repetir: "Eu amo São Paulo".
A alagoana é apaixonada pelo Brasil e principalmente pela cidade de São Paulo. Fala com o maior orgulho que é brasileira e não pensa em sair daqui nunca. Coitado de quem abrir a boca pra falar mal de alguma coisa do Brasil; Dona Maria já ataca o sujeito com um belo discurso. Não são poucos os casos em que brigou defendendo a pátria. Um deles aconteceu dentro de sua casa, com um colega de faculdade do filho do meio. Dona Maria falou que é sempre direta e verdadeira, então dessa vez não foi diferente. Ela perdeu a paciência com o rapaz, filho de japoneses, que ficou defendendo e elogiando o Japão, falando mal do Brasil. Mandou-o ao Japão e disse pra não voltar mais enquanto não soubesse dar valor ao país em que vive. Ela contou os casos com orgulho no salão, gritando ao final de cada um: "Eu amo São Paulo, eu amo o Brasil! Não falem mal perto de mim".
Viúva e mãe de três filhos, reclama da sociedade acomodada e de mulher que não tem atitude. "Mulher tem que se impor, não tem nada que ficar atrás do marido de boca fechada, sem saber o que dizer" - fala alto para todo o salão ouvir.
Como Dona Maria é puro amor à pátria, ela conta que já conheceu quase o Brasil inteiro e que conhece alguns países da América Latina, mas que da Europa ela nem quer saber. Orgulhosa, diz que não quer ser igual aos outros que vivem falando bem dos países europeus e nem conhecem o próprio país. Sua filha, Patrícia, que também estava no salão, disse que segue o exemplo da mãe e preferiu conhecer todo o Brasil primeiro e só agora ela vai visitar a Europa. Já o irmão, contrariando as duas, é apaixonado pela Alemanha e quer morar no país quando possível.
Pra quem pensa que Dona Maria só nutre um amor pelo país se engana, ela também é a cara do Brasil, sabendo inclusive debater sobre futebol. E ainda acrescenta, durante a conversa, que não entende muito, mas torce para o São Paulo, porque tudo o que remete à cidade ela gosta.
Durante uma hora Dona Maria não parou de falar e todo fim de conversa levava ao amor à cidade e ao país, sempre terminando com a frase em alto e bom som "Eu amo São Paulo!"

segunda-feira, 22 de março de 2010

A atriz que é gente como a gente!


Por Manuela Carvalho

Marcia quer ser atriz, e é Gente como a Gente.

Marcia Bernardes completou 56 anos, e ainda é estudante. A escola de Teatro Nilton Travesso é o local onde passa quase todas as noites, e quando é preciso vai aos finais de semana. Marcia é considerada pela classe como a "engracadinha". (Eu como sua colega posso dizer que toda ocasião é motivo de piadas.)
Persistente, ela faz o curso profissionalizante e estuda todos os dias das 19 horas às 22h e 45 minutos. "QUANDO CONCLUIR O CURSO DESEJO TRABALHAR NA ÁREA DE TELEVISÃO, ESPECIALMENTE COM PEGADINHAS. EU GOSTO MUITO DE ATUAR, MESMO COM 56 ANOS." ( Já que adora fazer as pessoas rirem ).
Nascida no Paraná, Marcia veio para São Paulo muito cedo. Desde os 6 anos, já trabalhava na mídia, fazia desfiles de moda para a TV Tupi. Algum tempo depois já tocava piano nos programas da tarde na mesma emissora de TV. Por trabalhar na TV, ela foi convidada para fazer algumas peças.
Após um longo período, Marcinha se casou e assim deixou o mundo do teatro. Não tinha mais tempo para ser atriz, já que tinha que cuidar de seus filhos.
A vontade era tanta que após se separar de seu marido, voltou a pensar no teatro. Foi no ano de 2009 que ela voltou a colocar seu sonho em prática. Pode-se considerar dificil voltar a sonhar com essa idade, já que a maioria das pessoas nessa idade se aposentam.
Na classe da escola tem 18 alunos, todos em sua maioria jovens. Marcia participa de todas as conversas e mostra que a idade não a impede de se enturmar.
Apesar do cansaso, Marcia continua firme e forte e vai às aulas, faz as provas e, por sua vez, demonstra toda suas habilidades em cena.



Veja Marcinha fazendo as pegadinhas no programa CQC :
http://www.youtube.com/watch?v=vqvLlc2t-MA

sexta-feira, 19 de março de 2010

Roberto Saviano


Por Gabriela Montesano

Hoje é sexta-feira e ninguém mais aguenta escrever/ler textos grandes (bom, eu não aguento), então vou mandar um post bem light pra vcs!

Vou mandar o perfil do Roberto Saviano, aquele que escreveu o livro Gomorra, que ficou bastante tempo entre os bestsellers, no ano passado. Pra quem conhece, é interessante ler um pouco mais sobre a história dele. Para aqueles que não conhecem nada sobre o sujeito: façam o favor de ler!

Roberto Saviano nasceu em 1979, em Napoles. Formado em filosofia pela Universidade de Napoles, ganha a vida como jornalista e escritor, usando esses dois meios para analisar a realidade. Seu primeiro livro, Gomorra, foi lançado em 2006. O jornalista arriscou sua vida para obter informações, vivendo em meio à grande máfia napolitana, e hoje é jurado de morte. O livro rendeu 2 milhões de cópias apenas na Itália, tendo, mais tarde, repercussão no mundo todo.
Hoje, Saviano vive como refugiado e é protegido 24h por dia pela polícia. Seu segundo livro (o qual estou lendo) -O Contrário da Morte- lançado há pouco tempo, relata duas histórias, unidas pela Itália do Sul, onde amor e morte se confundem e onde a máfia napolitana está sempre presente.

Eu recomendo a leitura de Gomorra e quanto ao segundo livro conto depois que terminar de ler.

O site do escritor é bem interessante e contém artigos, fotos e informações sobre ele: http://www.robertosaviano.com

quinta-feira, 18 de março de 2010

Das coisas que passam despercebidas.

Por Vanessa Yazbek


Ana se dizia uma desacreditada no amor. Estava sozinha, enrolada com mil pessoas, consigo mesma.. não encontrava uma estabilidade e nem mesmo a queria, por achar que o estável culminaria, indubitavelmente, numa prisão. Se entregava, porém, ao que parecia ser qualquer e toda forma de amor sincero e livre que encontrava por aí, enquanto maldizia o sentimento para o vento, tentando se convencer do que falava..

Vitor, tratava o amor da forma como ela menos podia suportar.. não admitia que estava à procura dele e nem se dava espaço para vivê-lo. Achava mesmo que sua auto-suficiência era o bastante e que seria (quase) impossível encontrar o amor novamente. Ele se convencia disso profundamente, todos os dias, e não deixava transparecer a mínima fraqueza para os outros ou para si.

Ela olhava pra ele sem o mínimo interesse.. Ele também.

Por tempos não passaram de dois bons conhecidos que dividiam certos gostos em comum.. conversavam sobre o tempo, sobre música.. e era só até aí que os poucos minutos que resolviam dividir com uma conversa, os levava. Nunca falavam sobre os sentimentos, sobre o mundo.. nunca deixavam que o assunto os penetrasse mais do que o superficial, ou que um olhar fosse além do vazio mundano.

Tentavam se aproximar com abraços repentinos, em demonstrações inesperadas de carinho, quando havia alguma brecha na barreira de concreto que cada um havia criado pra si...e era bom. Tão bom! Mas não sabiam explicar exatamente o porque.. e nem sequer queriam tentar. Se tentassem realmente, iam cair numa indagação profunda sobre o que acontecia entre eles, e isso culminaria em algum dos dois indo embora, sem pensar pela segunda vez.. por medo, por auto-defesa.

Era melhor que as coisas ficassem assim, no não-explicado, no não-dito e feito..

Achamos o trailer do filme " Gente como a Gente"

Por Manuela Carvalho

Achamos o trailer filme ordinary people ( traduzido como gente como a gente ).

http://www.youtube.com/watch?v=UZYHe8IAlto

Espero que gostem.
Beijos

quarta-feira, 17 de março de 2010

Curiosidade

Por Gabriela Montesano


'Gente como a gente' é o nome de um filme de 1980 e, por mera coincidência, nosso blog tem esse nome. Confesso que nem sabia da existência do longa metragem até alguns dias atrás. A ideia do nome surgiu da Carol, já que queríamos contar histórias de pessoas que passam pelas nossas vidas todos os dias. Aquelas histórias que a gente vive junto ou de gente distante mesmo, que a gente só ouve falar.

Pra sanar a curiosidade de vocês, aí vai a sinopse do filme:

"A morte prematura de um dos filhos de Beth causa um grande impacto na família. Porém, Conrad, um dos irmãos, é o mais afetado, considera-se o culpado pela morte de seu irmão e tenta o suicídio. Depois disso Beth leva Conrad para fazer um tratamento psiquiátrico e faz de tudo, junto com o outro irmão, para manter as aparências de que sua família ainda está unida e bem estruturada."

Fonte: http://www.cineplayers.com (site sobre o mundo do cinema).

terça-feira, 16 de março de 2010

Ela me deu um abraço

Por Caroline Albanesi

Dona Guiomar não é alguém comum, é especial, gente como a gente.


Entra com aplausos, caminha pelo extenso corredor e sobe ao palco, iniciando a noite com uma breve oração. A palestra dura apenas 30 minutos, e mesmo assim reúne 5 mil pessoas que saem de suas casas para ouvir a jovem senhora de 81 anos, conhecida como Dona Guiomar.
Perseverança. É neste Centro Espírita Kardecista que Guiomar atende indivíduos de diferentes religiões que buscam alguma ajuda. Só vendo para crer o que aqueles brilhantes olhos negros são capazes de decifrar e o que suas palavras exercem sobre os que passam em sua “salinha”. Tem fila de espera. Uns aguardam meses por 3 minutos ao seu lado. Relacionamento, finanças, doenças,...Não precisa falar, ali quem fala é ela. Contraria laudo médico, cirurgias pré-agendadas, discursa sobre os problemas nas empresas, depressão, e até amor. O resultado da conversa é evidenciado pela crescente freqüência de novos admiradores.
Acorda, ora, estuda, trabalha. Nunca pensou pequeno. São 4 filhos, 14 netos, 10 creches e 2 mil crianças atendidas, a quem visita e acompanha pessoalmente. Discutir com Guiomar é relembrar os tempos de enciclopédia, em que todas as informações estavam num só lugar. Ela sabe de tudo um pouco. Justifica argumentos usando a Ciência, com questionamentos embasados.
No palco com teto de céu, seus gestos são quase teatrais. As perguntas chegam por meio de pequenos papéis e as respostas se iniciam com a frase: “Ó gente minha, ó minha gente”. E elas se sentem assim. Há mais de 40 anos enxerga companheiros sentados no mesmo lugar. Seus quase 6 mil trabalhadores voluntários dispersam-se pelos prédios e salas da rua Bruna, na zona leste de São Paulo, em atividades de auxílio coordenadas pela presidente.
Vestida de branco, salto alto de tom neutro, cabelo arrumado, postura ereta e confiante, é assim que se apresenta. Cada dia um novo tema, sustentado com exemplos reais, estudos científicos, espiritismo, evangelho, e por vezes, sutis brincadeiras que encantam os ouvintes. O caminhar é leve, o português impecável, principalmente para quem aprendeu a ler sozinha num sitio onde morava com os pais e cinco irmãos no interior de São Paulo, e os ensinamentos, surgem do exemplo vivo de amor e dedicação ao próximo que representa.
Amiga fiel de Chico Xavier, aprendeu que nem sempre fazer o Bem é fácil. “Viver não é um simples espaço entre o nascer e o morrer, é dinamizar a vida com atos de fraternidade”. Assim decifra suas condutas, e espera daqueles à sua volta. Incentiva o trabalho solidário, desvinculado de crenças e da política, do que se mantém distante. No Perseverança vai quem quer. Pagar não é preciso, muito menos fazer propaganda.
Já são 21h25. Hora de apagar as luzes. Ela já entendeu, é tempo de despedir-se com uma rápida mentalização sobre Deus, vida e o tema abordado. As pessoas se levantam, aplaudem e buscam aproximar-se, quase que impedidas pelo grupo de músicos e pela equipe de organização que a escoltam até a porta de saída, onde abraçará aqueles que conseguiram uma senha para a noite. De certo, é mais do que um contato físico. Pode ser um encaminhamento para um dos tratamentos da casa, uma palavra esclarecedora, ou para simplesmente receber a energia dela como tantos falam.
Ela olha, sorri, aconchega, e os receptores saem sussurrando como se tivessem ganhado um troféu: “ela me deu um abraço”.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O problema é seu.

Por Sabrina Fantoni

Lembro-me nas aulas de semiótica quando o assunto era sobre vivermos em uma sociedade apática, indiferente e mecanizada; embora eu concordasse com tudo aquilo não me recordava da última vez que brotou em mim algum esboço de solidariedade e compaixão. Andava eu todos os dias pelo mesmo caminho, econtrava os mesmos rostos no ônibus, as mesmas conversas, e as músicas altas no celular também eram as mesmas.
Todo o contexto continha um ar nauseabundo, desmotivante. As feições e expressões eram idênticas em traços diferentes.
Foi quando, em um dia qualquer,decidi exercitar minha empatia. Havia tantas leituras singulares e eu as interpretava ao meu modo. Umas me diziam: " O que será que eu vou falar para o meu chefe? prometo nao chegar atrasado amanhã" ou algo como: " Não aguento mais gastar tanto dinheiro e comer tão pouco, preciso achar um restaurante mais barato perto do trabalho". Na maioria das vezes captava problemas avulsos. Ás vezes me arriscava a reconhecer alguma característica que denunciasse alguém caído de amor ou que estivesse imerso numa dor imensurável.
Fato é que ninguém se importa. Mesmo se nos importássemos, como poderíamos nos ajudar? Eu também não sei.
Uma vez vi uma colega de sala indo chorar no banheiro; fui atrás. Assim que começou a me contar percebi que aquele problema para ela era irresoluto,enquanto que para mim, a coisa mais simples possível. Devo dizer que mesmo aos prantos, eu conseguia ver comicidade na história; sobretudo pureza e ingenuidade. Estava ali, a minha frente, o maior problema do mundo. Ela chegava atrasada ou não ia mais às aulas; não dormia direito. É, ela estava vivendo um grande dilema. Dilema do qual muitas pessoas pagariam pra estar vivendo no lugar de seus próprios.
E pensar que tem gente que chega todos os dias em casa para cuidar de algum familiar em estado terminal; ou um filho que mal fala com o pai e se tranca em seu quarto ao pisar os pés em casa. Ou também aquela pessoa que sofreu uma grande humilhação ou uma invasão que a marcará para sempre desde então. Alguém que acabou de fazer a pior escolha de sua vida, alguém que acaba de receber a notícia de que a pessoa amada se foi; Alguém que feriu irremediavelmente uma pessoa. Alguém que dorme nas ruas e sabe que dormirá mais uma vez no concreto esta noite. O apaixonado que nunca será correspondido. O ocioso que arranja maneiras de não se sentir tão inútil. O pervertido que gostaria de ter autocontrole; o malandro que todo dia dá o seu jeitinho de passar a perna; o marido que já não deseja mais a mulher. Todos nós voltamos pra casa todos os dias. Deitamos a cabeça no travesseiro todos os dias e temos os maiores problemas do mundo, todos os dias de nossas vidas.
Essa sou eu, que te enxergo além ou mal te percebo ao te esbarrar. essa sou eu que ao te escutar no corredor, só saio de casa após você ter pegado o elevador para não ter que ensaiar uma conversa. Essa sou eu, que tem os maiores desejos do mundo e também os medos. Assim como você, eu sou.

José

Por Gabriela Montesano

José é alguém comum, é mesmo gente como a gente.

Quando conheci José, ele tinha amigos, família, namorada, um salário digno, uma casa sempre cheia de admiradores. Mas José não conseguia se alegrar com suas próprias conquistas. Era sempre assim, um problema atrás do outro, um defeito aqui, outro ali. Ele não conseguia ver além do que estava a sua frente, como se sempre existisse uma barreira que o impedia de enxergar através.
Ninguém entendia o que fazia dele tão infeliz, o que existia de tão mau naqueles pensamentos, naqueles sonhos. Alguns até se irritavam com a sua então considerada ingratidão. Outros tinham dó, como se ele realmente fosse um coitado no meio de toda sua confusão. O problema é que José se preocupava com o que todo mundo dizia, como se fosse da sua obrigação agradar ou desagradar alguém.
Por mais que falassem mil vezes, ele não se sentia parte de uma família, digno de um amor ou um salário e muito menos conseguia ver sua casa cheia. Era como se não existisse ninguém ali. Nada parecia mudar na vida de José e ele se negava a fazer mudanças que acreditava serem necessárias.
Quantas vezes tentaram dizer, tentaram mostrar, tentaram ensinar José a viver. Quantas vezes quiseram sorrir, quiseram chorar, quiseram compartilhar a vida com ele. Mas ele estava preocupado demais se preocupando com o amanhã, com o futuro que talvez nem viesse a existir. Precisava sempre contar com alguém que ouvisse suas infelicidades ou sua suposta alegria. Queria sempre um para dizer que entendia o que se passava, pra colocar a mão na cabeça, pra compartilhar o mesmo ar pesado.
Ninguém entendia o que acontecia com José, por que ele era assim. Ninguém conseguia entender.
Então José deixou os amigos, acreditando que eles o tinham abandonado. José terminou com a namorada, acreditando que ela o tinha deixado. Demitiu-se do emprego, acreditando que o queriam fora dali. Sua casa ficou vazia, sua cabeça ficou cheia. E ele continuava acreditando numa possível conspiração do universo. Sempre se explicava de forma tola. Sempre acreditava que tudo se movia contra ele.
Eu realmente acredito que José acreditou nas pessoas e se feriu, criou expectativas e se desapontou. Mas não posso crer que todos devam se lembrar de suas dores antes de lhe dirigir a palavra ou de agir conforme suas vontades. Eu creio que cada um teve sua dor também - maior ou menor do que a de José – porém, o maior erro e a incompreensão que caminha com ele é por não acreditar nessa possibilidade.

Ela que faz a gente feliz.

Por Manuela Carvalho

Alda Correia, aeromoça da compania Gol, é mesmo gente como a gente.

Eu a conheci durante a minha viagem de Salvador para São Paulo pela Compania Gol. Ela andava com um pedaço de metal na mão rindo "Calma, esse material não faz parte do motor e ele não está quebrado". Os passageiros já rindo perguntaram qual era o segredo da sua alegria, "Olha gente, eu sou assim porque ganho 20 mil reais por mes, hahaha, to brincando não chega nem perto disso, portanto nem pensem em me sequestrar" disse a Aeromoça.

Alda tem 38 anos e ainda é solteira, porém não perde a chance de achar o seu amor "Toda semana eu estou em um canto do Brasil, mas quando posso tento sair e conhecer gente nova, quem sabe ele ta me esperando lá em São Paulo né?". Como viaja sempre, ela resolveu não ter filhos para que eles não sentissem sua falta. Os seus pais moram em São Paulo, e quando Alda tira férias ela tenta ficar mais presente na vida de seus parentes.

Desde pequena sonhava em ser aeromoça pois adorava sentir a energia de novas pessoas, de novos lugares. "Eu sempre fui acostumada a viajar, meus pais moravam em Cidades distintas. Por esse motivo já perdi até a conta de quantas vezes viajei".

Porque ser tão feliz? Nos tempos de hoje a felicidade não é encontrada tão facil, as pessoas vivem estressadas por causa do trabalho. Mas Alda diz que não tem segredo, a unica felicidade é acreditar na força de Deus e fazer o que gosta. "Gosto de dividir experiencias, e o mais importante arrancar sorrisos das pessoas. Acho que Deus manda cada um na terra para fazer alguma diferença e posso dizer que eu já achei algo em que sou boa; alegrar as pessoas!".