quinta-feira, 13 de maio de 2010

O transporte público que a gente enfrenta

Por Gabriela Montesano

Todo santo dia pego o trem ou sou levada pra dentro dele, involuntariamente; ainda não sei definir. De manhã tenho o prazer da companhia da Júlia, que me dá carona até a faculdade. Mas, sem contar os dias em que consigo aquela carona inesperada, faço um longo caminho para voltar pra casa, precisando de um ônibus e um trem pra chegar ao destino final em que descanso (ou não).
Com tanta gente que pega aquele trem da linha esmeralda às 18h, encontrei alguém que chamou a atenção de todo mundo por alguns minutos e fez nossa viagem um pouco menos desagradável. Semana passada, o vi novamente. E digo que é muito fácil notar a sua presença; garanto que o vagão inteiro notou. Não faço ideia do seu nome e acho que seria difícil descobrir, porque todas as vezes que o encontrei, ele estava no vigésimo sono. Nada discreto, roncava tão alto que o vagão inteiro parava pra ouvir. Todo mundo ria. Variavam de risadas altas a baixas e discretas.
Lá estava eu, sentada bem em frente ao tal roncador, imaginando o que acontecia para ele não acordar em hipótese alguma. Pensei que o nome dele talvez pudesse ser Mário (adotemos o nome, então).
Mário deve ter uns 20 anos, é aparentemente alto e pesa mais do que os padrões que a mídia estipula, mas nada que salte aos olhos de chatos de plantão. É oriental, talvez de família japonesa, pelo jeito dos olhos puxados. Sempre está com camisa e calça social, e seu sapato, confesso que nunca reparei. Acho que Mário estuda e trabalha, talvez na área de engenharia. E deve acordar cedo, por volta das 5h da matina, por isso está sempre tão cansado. Ele se apóia na janela do trem e ali reluta pra se manter acordado. Sua cabeça desliza várias vezes e o ronco aumenta quando isso acontece, então ele volta à janela e continua seu sono ininterrupto - enquanto todos continuam a rir durante a viagem. Confesso que eu deixei aquele risinho envergonhado escapar algumas vezes e troquei alguns olhares de dó com outros espectadores.
Quando o trem chega ao ponto final, Mário não acorda e todo mundo sai rindo e comentando sobre o sono pesado do rapaz. Então, aparece o segurança que fica nas estações, faz um esforço grande pra acordá-lo e não assustá-lo e avisa que ele chegou ao destino final. Mário calmamente se levanta e deixa o vagão, sem imaginar o que aconteceu durante a viagem.

Esse post me lembrou um que a Camila Caputti escreveu no SÃO outros PAULOs há um tempinho atrás, sobre a diversão que a viagem de ônibus nos proporciona! Confere AQUI!

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