terça-feira, 18 de maio de 2010

A Alma Imoral

Por Vanessa Yazbek

A "Alma Imoral" é um livro escrito por Nilton Bonder e recentemente adaptado para o teatro, pela atriz Clarice Niskier. No livro, os conceitos de "corpo" e "alma" são traçados por uma nova perspectiva do autor, que desmonta os conceitos mais conhecidos desses dois termos, e inverte suas essências. A alma se torna a metade imoral do ser humano, enquanto o corpo é a parte moral, que está subjugada pela sociedade.
A peça está novamente em cartaz, no Teatro Augusta, às sextas, sábados e domingos, e vale a pena ser vista. Apresenta ao espectador uma nova forma de enxergar os outros, e a si mesmo, muito mais humana, verdadeira e crua.

Assista ao making off da peça aqui:


“A evolução da espécie está no silêncio do pai que ergue a faca para matar um filho por ordem divina e a detém. Um silêncio que cada homem e cada mulher conhece em sua vida pessoal e coletiva. Um silêncio desafiador, que responde a um impulso interno de sagrada desobediência, uma desobediência que o homem sonha em integrar à paz, à paz que não se fará no estabelecimento de um mundo ideal para um corpo imutável, não se fará através do clone, mas através do mutante, porque o nosso ser é um ser em transformação, tem alma e não é uma alma boazinha como nos fizeram acreditar, mas uma alma profundamente imoral e isso não tem nada de satânico. É que transformaram Satã num espantalho que nos afasta das mudanças. Satã é tudo aquilo que nos embota os sentidos e que nos embota a consciência – é que é mais fácil e conveniente apresentar Satã como um possível resultado do risco do que o apresentar também como o pesadelo da acomodação. Se os que mudam radicalmente de emprego, se os que refazem relações amorosas, se os que perdem medos, se os que rompem, se os que traem, se os que abandonam os vícios experimentam a solidão é possível que essa solidão seja quebrada no encontro com outros que conheçam essas experiências. Haverá pior solidão do que a ausência de si?” (Nilton Bonder - excerto do livro 'A Alma Imoral')

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