quinta-feira, 29 de abril de 2010

Solas gastas, como a gente.

Por Vanessa Yazbek

Ultrapassando as fronteiras geográficas, e certo pré-conceito, que não deixa de ser uma fronteira criada por nós mesmos, o lado de lá do Atlântico não parece ser assim tão distante.
Na região Sul dos Estados Unidos da América, estado da Flórida, dentro de uma cidadezinha chamada Kissimmee, que fica no condado de Osceola, vive William Travor Willis - 22 anos, e muita vida nas costas.
Assim como é costume nos Estados Unidos, ele saiu de casa cedo, aos 19, pra tentar viver a vida longe da proteção dos pais.. seu primeiro verdadeiro emprego, conseguiu 3 dias depois de se formar no Ensino Médio, aos 18 anos. Trabalhava numa empresa de produção, e por sua competência, logo subiu de posto e virou gerente. A empresa fabricava grande parte dos grandiosos cenários utilizados nos parques da Disney, ajudando a construir parte daquela magia e sustentar a fantasia estética que os parques temáticos de lá criam. Porém, a beleza ficava só do lado de fora, pois ele trabalhava mais de 60 horas árduas por semana; nunca reclamou, apesar disso, pois era o que pagava (muito bem) o pão que comia. Ele ganhava o suficiente para ter o precisasse, e ficou lá até os 21 anos, quando os problemas econômicos de seu país bateram à porta e trouxeram uma má notícia.. Por causa da crise de 2008, a empresa em que trabalhava teve que demitir grande parte dos seus funcionários (essa história lhe soa mais próxima do que o normal?), e ele, por ser um dos mais novos que trabalhavam lá, teve que ir embora também.
(Pra entender melhor: http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2008/crisenoseua/ )
Acabou ficando um ano desempregado, apesar de tentar todos os dias conseguir um novo emprego. A situação não era nem um pouco favorável, e a economia parecia estar conspirando para que nada desse certo. Passou por todas as frustrações e desgostos que todo mundo passa, perdeu as esperanças, chorou, cogitou pedir ajuda e dinheiro, mas não o fez. Levantou e não desistiu (parece até coisa de brasileiro).. até que uma oportunidade apareceu. Podia não ser o melhor dos empregos, o salário mais tentador ou a rotina mais animadora, mas era um trabalho, era digno, e era seu. Agarrou (como qualquer um de nós faria), e deu o melhor de si. Voltou a trabalhar, e a trabalhar, e a trabalhar...
Ainda está empregado lá hoje, e faz por merecer. Mas sonha com o dia em que vai ter a oportunidade de voltar a fazer algo que goste e lhe traga melhores frutos. Não queria ter só que trabalhar pra poder se sustentar, sente que a vida é muito mais do que isso, e mostra certo desânimo em relação a sua atual rotina, mas diz que por enquanto é a única coisa que se pode fazer. Além disso, diz não acreditar no 'American Dream', e acha isso tudo uma grande bobeira.
Will pode ser de longe, mas o que carrega dentro de si é tão próximo quanto qualquer vizinho.
Essa história dava samba, mas prefiro colocar o link pra uma música que tenha as mesmas raízes que Will, e que transpareça a sua história e de muitos outros americanos da classe média. Do Sul dos Estados Unidos, com influências do country, blues e rock and roll, Lynyrd Skynyrd - Workin'.

E pros interessados, a letra:
http://vagalume.uol.com.br/lynyrd-skynyrd/workin.html
Vale a pena ;)

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